11.22.2010
Quando esta semente se plantou em minha mente, em forma de ar em pensamento, como idéia grávida, era em meio à mata que estava. Meus pés seguiam a pé, a pé em pé, descalços. Terra, terra inundava meus pés que pela Terra caminhavam vendo, ouvindo, sentindo, buscando. Até que, sob tão generosa árvore, meu ventre foi acometido do fruto. Mal sabiam meus olhos os horizontes todos transtornados ao florir daquela flor, majestosa flor que tanta sorte me trouxe, tantos olhos, transformados.
Hoje, pelo ido do ponteiro debaixo de chuva quase ácida, meu olhar pairou nova vez pelas redondezas verdes deste solo tão gentil. Meu coração palpitou do embalo dos turbilhões na mais perfeita harmonia, minha face fez-se brilho e esplendor transbordando todo o amor que meu peito sentia. Baixo na voz baixou gratidão rasgando o ar a percorrer imensidão, que suas raízes tenham escutada, sagrada dama do Povo-em-pé. Que sua pele possa sentir minhas mãos, inundadas de agradecimento, pela luz da lamparina nesta estrada feita em curvas. Que o vento te imprima meus beijos, perdidos nas lágrimas feitas em riso. Que meu pulso te alcance pra todo o sempre de sua breve freqüência...
11.19.2010
Uma folha, de uma árvore, em seu breve tempo de verde, marrom, seca queda ao vento e jaz adubo; não pode apresentar em seu pouco corpo toda a extensão da copa, o largo tronco crescido sob muito ciclo de sol e chuva, as raízes fincadas à terra com todo o odor que o sangue da seiva revelou no empenho de existir. Uma folha não traz a árvore, mas a contém. Uma folha não traz toda a respiração vivida pela árvore em sua face de ser e fazer vida, não traz, mas a representa. Uma folha árvore é.
Uma árvore não traz em sua fronte todo o empenho da Terra em fazer-se, ao longo de milênios e milênios de anos, pra se pensar apenas nos transcorridos pelo relógio. Uma árvore não traz a Terra, mas a contêm. Uma árvore Terra é.
E o tempo que corre, que faz a Terra girar, a árvore crescer, a folha cair, não tem começo, meio ou fim. O Tempo que corre não tem cabeça nem rabo, o Tempo que corre não tem contorno, não tem limite, não se pode contê-lo, apenas, é. O Tempo é; do ser que nehuma cabeça poderá conter ou apreender. Do ser que é, e ponto.
Assim, ao olhar uma árvore não se poderá apreender a vida, mas aprendê-la. Aprendê-la ensina que só é possível apreender a vida ao tomar o instante, e tomar o instante apenas é, se é. Se for. Se ser.
Assim, ao olhar a folha não se poderá tomar de rabo a rabo a árvore, mas dará pra alcançar e pousar as vistas numa fagulha espiralada que traz em si a eternidade. Ao olhar a folha não se verá a eternidade de cabo a cabeça, mas a eternidade será e se fará, pois eternidade só é, se é. Se for. Se ser.
Assim, ao olhar a eternidade não se verá onde tudo começou, pra onde foi, irá. Ao olhar a eternidade se verá, se estará em ver, ao ver; se verá a eternidade se ser. E só se verá, se for, se ser, se é.
11.18.2010
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